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Projectos - Bem-Estar, Saúde e Doença
PREVENÇÃO DO USO/ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS PSICOACTIVAS: INTERVENÇÕES EM CONTEXTOS AO LONGO DO CICLO VITAL
     

O consumo de substâncias psicoactivas tem vindo a apresentar, ao longo dos últimos anos, variações a diferentes níveis. Salientam-se, a alteração do perfil dos consumidores e dos padrões de consumo e a diversidade de oferta de substâncias. A carga das doenças resultantes do consumo de substâncias psicoactivas foi estimada em 8,9%, o tabaco representava 4,1%, o álcool 4% e as substâncias ilícitas 0,8% da carga global das doenças (OMS, 2002; OMS, 2011).

No que concerne às substâncias ilícitas como cocaína, heroína e anfetaminas, embora a prevalência seja mais baixa e associada a taxas inferiores de doenças e morte, quando comparadas ao álcool e ao tabaco, essas drogas representam uma ameaça significativa para a saúde, designadamente agressões, distúrbios de conduta, comportamentos sexuais de risco, transmissão do HIV pelo uso de drogas injectáveis e de outros problemas de saúde decorrentes dos componentes da substância ingerida e das vias de administração (WHO, 2004).

Em Portugal, no que concerne ao consumo de drogas nos últimos anos, salienta-se a emergência de novas drogas, o aumento da importância dos policonsumos, novos padrões de consumo do álcool e de substâncias como a cocaína, envelhecimento e crescente degradação física e mental dos dependentes de heroína (PNT 2005-2012).

No estudo realizado em 2007 na população portuguesa (15-64 anos), a cannabis, a cocaína e o ecstasy foram as substâncias ilícitas preferencialmente consumidas pelos portugueses, com prevalências de consumo ao longo da vida (pelo menos uma experiência de consumo) respectivamente de 11,7%, 1,9% e 1,3% (Balsa, 2008).

No contexto das populações escolares, os resultados dos estudos nacionais relativos à evolução de 2007 para e 2011, revelaram em relação ao álcool uma diminuição do número de consumidores, em todos os grupos etários e por género, todavia ocorreu um aumento dos consumos excessivos, como a embriaguez, ou seja mais adolescentes e jovens a beber mais intensamente e com mais frequência, salientando-se a preferência pelas bebidas destiladas. Em relação ao tabaco verificou-se um ligeiro decréscimo na experimentação, mas com um aumento relevante nos consumidores actuais (Feijão, 2012).

Relativamente às substâncias ilicitas em geral verificou-se um aumento da experimentação em todos os grupos etários, depois dos 15 anos de idade a experimentação da cannabis é superior à das outras “drogas”, e quase todos os estudantes que já experimentaram outras substâncias ilicitas também experimentaram cannabis (Feijão, 2012).

Os estudos de caracterização do fenómeno de consumo de bebidas alcoólicas na população portuguesa identificaram, de 2001 para 2007, um aumento do consumo ao longo da vida na quase totalidade dos grupos etários (exceptuando o grupo dos 23-34 anos), com um aumento significativo entre os mais jovens (15-24 anos). O vinho (59%) e a cerveja (56%) continuam a ser as bebidas de eleição, entre 2001 e 2007, ocorreu um aumento em todos os tipos de bebida (vinho e cerveja 3%) (Balsa et al., 2008).

As intervenções preventivas organizam-se em dois grandes eixos: a redução da oferta, com vista à diminuição da disponibilidade no mercado e acessibilidade da substância e redução da procura centrada na pessoa ou grupo de pessoas, através do desenvolvimento de intervenções dirigidas à sua capaci­tação/empowerment. A evidência demonstra que as abordagens mais efectivas no que diz respeito ao controlo dos problemas ligados ao álcool devem combinar ambos os eixos: programas interventivos baseados na evidência para a redução da procura e as medidas restritivas da acessibilidade, designadamente o de controlo do consumo de álcool por menores e/ou antes da idade mínima legal e durante a condução de veículos, e ainda, as estratégias de regulação da publicidade às bebidas alcoólicas (WHO, 2002, 2004, 2007; DHS, 2008).

A promoção para a saúde contemporânea procura integrar para além das actividades educativas, esforços de mudanças políticas e organizacionais, que integram as diferentes perspectivas de abordagem dos problemas de saúde pública (Glanz, 1999). Esta abordagem, denominada de ecológica, assenta em dois aspectos fundamentais: em primei­ro lugar, o comportamento é visto como um duplo movimento de afectar e ser afectado pelos vários níveis de influência e, em segundo lugar, é elencada a possibilidade de “relação causal recíproca” entre os indivíduos e os contextos onde se inserem (Glanz, 1999:18).

Este modelo ecológico foi inicialmente proposto por Bronfenbrenner (1979) e posteriormente defendido por McLeroy et al. (1988) para o contexto da promoção da saúde. Os mesmos autores identificam cinco níveis de influência para as condições e comporta­mentos de saúde: 1) factores intra-pessoais ou individuais que integram as características pessoais e que influenciam o comportamento, tal como o conhecimento, atitudes, expectativas, crenças e traços da personalidade; 2) factores interpessoais relacionados com os processos interpessoais e pequenos grupos, nomeadamente a família os grupos de pares; 3) factores organizacionais ou institucionais que incluem as regras, os regulamentos que restringem ou promovem determinados comportamentos; 4) factores comunitários que integram as redes sociais, relações entre organizações e instituições e grupos informais; e os 5) factores políticos relacionados com as leis e políticas (McLeroy et al.,1988).

Este modelo representa o consumo de substâncias como um fenómeno global, em que, os diversos factores de risco biológicos, psicológicos e sociais, são componentes integrantes e também se prevêem os factores protectores. Adicional­mente, incorpora ambas as variáveis do nível individual da pessoa, relativas à própria substância e ao meio micro e macro social (Diez e Peirats, 1999).

Entende-se por factores de risco as características individuais e as condições situacionais e/ou contextos do meio envolvente, que aumentam a possibilidade do uso e/ou abuso de substâncias e por factores de protecção os atributos e/ou características individuais, condições situacionais e/ou contextos do meio envolvente que inibem, reduzem ou atenuam a probabilidade do consumo de substâncias (Clayton, 1992, como referido por Becoña, 2002; NIDA, 1997, 2003).

Os factores de risco e de protecção são factores que existem em todos os níveis de interacção do indivíduo com a sociedade, existindo diversas formas para a sua organização, nomeadamente em função dos domínios ou subdomínios de interacção: individual, disposição biológica e psicológica, valores, conhecimentos, compe­tências, expectativas e comportamentos; pares, normas, actividades; familiar, funcionamento familiar, laços familiares; escolar, laços, ambiente, normas; comunidade, laços, normas, recursos, mobilização; sociedade, normas, leis, políticas, sanções (CSAP, 1998; Botvin, 2000).

O conhecimento destes factores é imprescindível para o reconhecimento das vulne­ra­bilidades e das potencialidades associadas ao consumo ou não de substâncias, permi­tin­do o refinamento dos programas de prevenção em função destes (Becoña, 2002; Barroso, 2012).

Como já foi aludido, os factores contextuais são extremamente importantes para o consumo de álcool e de outras substâncias, uma vez que os indivíduos existem num contexto social que lhes transmite valores e normas que estão directamente associados ao seu consumo (Hawkins et al.,1992). Por outro lado, há factores individuais e interpessoais determinantes na vulnerabilidade às influências sociais para o consumo substâncias, por exemplo a procura de sensações, o fraco controlo do impulso, défices de competências de tomada de decisão, entre outros (Zuckerman, 1987 e Cloninger et al.,1988, como referido por Hawkins et al.,1992; Botvin et al.,1998; Pollard et al.,1999; Botvin, 2000).

Em suma, as intervenções na área da saúde devem centrar-se nos determinantes, nos mediadores e nas consequências dos comportamentos dos indiví­duos, assim para além das relações recíprocas entre o ambiente e o indivíduo, deve ser tido em consideração o desenvolvimento psicossocial da pessoa/grupo de pessoas às quais as intervenções se dirigem.

Neste quadro, responder ao nível da prevenção (universal, selectiva e indicada) é um desafio e um imperativo para os profissionais de saúde, em qualquer contexto do seu exercício, em particular nos cuidados de saúde primários.

Salientamos a importância de integrar nas equipas multidisciplinares, nos cuidados de saúde primários, o especialista de enfermagem de saúde mental, pelo seu mandato social na prestação de cuidados de âmbito psicoterapêutico, socioterapêutico, e psicoeducacional, à pessoa ao longo do ciclo de vida, mobilizando o contexto e dinâmica individual, familiar de grupo ou comunitário, de forma a manter, melhorar e recuperar a saúde (DR, 2.ª SN.º 35 - 18/02/2011).



  Rede de Estudos Associados:
GESTÃO DA DOR E SOFRIMENTO NA CRIANÇA E ADOLESCENTE
     

A dor é um fenómeno complexo, multidimensional, com efeitos nefastos na saúde e desafiador para os profissionais de saúde, por se depararem com a dor diariamente. Ela está presente na generalidade das situações que requerem cuidados de saúde, cuja prevenção e controlo é um dever dos profissionais de saúde e um direito dos que dela sofrem, pelo que exige uma ação planeada, organizada e validada cientificamente.

A atenção particular pela dor pediátrica surge em 1977, quando Eland e Anderson constataram diferenças abismais no tratamento das crianças em relação aos adultos em idênticas circunstâncias. Os notáveis avanços feitos na compreensão da dor permitem, atualmente um tratamento humano (eficaz), embora e paradoxalmente esse conhecimento não seja aplicado universalmente. Construir a ponte entre a teoria e a prática constitui o nosso desafio, apesar das ainda muitas interrogações sobre a dor. A inexistência de um marcador biológico específico, o incompleto conhecimento da fisiopatologia e a particular subjetividade na criança tem sido um desafio à investigação em pediatria.

As crianças continuam a sofrer desnecessariamente com a dor e as suas repercussões ainda são pouco valorizadas. Embora nos últimos anos o panorama seja menos sombrio, a precária avaliação e tratamento da dor pediátrica continua a ser amplamente reconhecido. As razões desta evidência são em alguns aspetos, pouco claras. No entanto, estão identificados como obstáculos a pouca sensibilização e insuficiente formação (mitos, preconceitos e atitudes incorretas), a dificuldade em concetualizar e quantificar uma experiência subjetiva como a dor, a falta de avaliação, a insuficiente pesquisa e treino dos profissionais de saúde e a deficiente organização dos Serviços de Saúde.

Sendo a dor pediátrica um problema crítico e prevalente com implicações na saúde e custos para a sociedade, em que se comprova a inconsistência e desigualdades no tratamento, lacunas importantes na formação dos profissionais de saúde e a quase inexistência de dados neste domínio em Portugal levam-nos a estudar esta problemática.


Tópico(s) prioritário(s) UICISA: E:

Gestão da dor



  Rede de Estudos Associados:
CONFORTO: AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO
     

Conjunto de estudos de investigação que teve início em 2003 e tem visado estudar o conforto e bem-estar em doentes hospitalizados.



MIGRAÇÕES, SAÚDE GLOBAL E MULTICULTURALIDADE
     

As múltiplas abordagens (económicas, políticas, demográficas, sociológicas, estatísticas ou jurídicas) sobre as migrações internacionais evidenciam o conceito complexo dos fenómenos migratórios e as suas especificidades no mundo contemporâneo. Desde logo, as migrações internacionais são parte integrante de um fenómeno mais vasto – o processo de globalização, caracterizado pela exponencial expansão, aceleração e aprofundamento das interconexões à escala mundial de todos os aspectos da vida social contemporânea. A globalização implica uma reconfiguração da organização espacial das relações e transacções sociais – definidas em termos da sua extensão, intensidade, velocidade e impacto – que geram fluxos transcontinentais ou intraregionais, assim como redes de actividades e interacção complexas (Held et al, 1999:16; Castels, 2002).
 Segundo as Nações Unidas (2013) existem hoje no mundo aproximadamente 232 milhões de migrantes internacionais. À medida que os fenómenos de mobilidade humana se expandem e intensificam em termos de escala e diversidade, as clássicas tipologias classificatórias para definir os conceitos de Imigrantes/Emigrantes tiveram de ser reequacionadas. Actualmente fala-se em migrantes com estatuto legal ou em situação irregular, migrantes altamente qualificados ou indiferenciados, migrantes sós ou ao abrigo da reunificação familiar, migrantes refugiados em busca de asilo político como resultado de movimentos populacionais forçados por situações de conflito armado. Mais recentemente, emergiu o conceito de refugiados ambientais – pessoas deslocadas por factores ambientais e ecológicos, como as alterações climáticas ou desastres ambientais (IOM, 2005). A mobilidade humana surge ainda associada a fenómenos de crime organizado como o tráfico de pessoas.
O principal objetivo deste Projecto Estruturante (PE) “MIGRAÇÕES, SAÚDE GLOBAL E MULTICULTURALIDADE” ancorado na UICISA-E é analisar, na perspectiva das Ciências de Enfermagem, a problemática da saúde global e inclusão societal de populações de migrantes e de grupos minoritários (de várias etnias e grupos culturalmente diferenciados), de forma a construir alicerces científicos para a prática clínica de Cuidados de Enfermagem culturalmente sensíveis e congruentes.



  Rede de Estudos Associados:
SAÚDE DOS TRABALHADORES
     

O trabalho é, por um lado uma fonte de subsistência, de crescimento e de valorização pessoal e, por outro lado um forte potencial de stress físico e mental. Na adultez, uma parte importante do tempo é passado em contexto de trabalho. Dependendo do tipo de trabalho, das relações e cultura organizacional, das características do trabalhador e das relações que se estabelecem entre estes diferentes factores podemos encontrar no trabalho um potencial para o desenvolvimento humano e para a qualidade de vida ou, pelo contrário, doenças e ou inaptidões funcionais que prejudicam a saúde do trabalhador e o bom desempenho da organização.
Os acidentes de trabalho, as doenças profissionais ou o adoecimento directa ou indirectamente relacionado com o trabalho, bem como as suas repercussões na vida da organização, tais como o absentismo, o turnover ou as aposentadorias precoces, constituem um importante problema que pode ser minorado com o conhecimento dos seus processos e o estudo das melhores formas de intervenção.



  Rede de Estudos Associados:
ENVELHECIMENTO, SAÚDE E CIDADANIA: CIDADANIA E PROMOÇÃO DA AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA PESSOA IDOSA E DOS SEUS CUIDADORES
     

Rede de projectos que visa avaliar e intervir no estado de saúde da pessoa idosa e dos seus cuidadores melhorando a sua capacidade para o auto-cuidado e para o exercício da cidadania e produzir conhecimento a integrar na formação de profissionais de saúde e na prática de cuidados a esta população específica.



  Rede de Estudos Associados:
PREVENÇÃO DE COMPORTAMENTOS SUICIDÁRIOS
     

Segundo a OMS, todos os anos cerca de 1milhão de pessoas comete suicídio em todo o mundo, o que dá uma taxa global de 16 por 100.000 e uma morte a cada 40 segundos. Em 2003 esse número para a união europeia era de cerca de 58 mil (OMS, 2003) estima-se que hoje esse número seja bastante superior.

Nos últimos 45 anos a taxa de suicídio aumentou cerca de 60% a nível mundial. É neste momento uma das três principais causas de morte entre os 15 e 44 anos nalguns países e a segunda entre os 15 e os 24 anos. Representava cerca de 1,8 da total da despesa em doença em 1998 e estima-se que este número suba para 2,4 em 2020. As doenças mentais, particularmente depressão e doenças associadas com o consumo de álcool são factores de risco de grande peso, particularmente na Europa e América do norte enquanto na Ásia a impulsividade é o factor de maior risco.

O suicídio é um fenómeno complexo com factores psicológicos, sociais, biológicos, culturais e ambientais envolvidos. Também por isso uma intervenção multidisciplinar é condição necessária mas não suficiente para a sua prevenção. Sectores como a educação, a segurança social, o trabalho, a justiça, a religião, os media, devem ser chamados a intervir e a sentir este assunto como uma tarefa global e não exclusiva da saúde, mas onde a saúde não pode abdicar das suas responsabilidades. 

Medidas universais como a restrição a métodos letais como armas de fogo ou pesticidas têm demonstrado ser medidas efectivas. Também a prevenção e adequado tratamento da depressão, assim como um seguimento dos que já cometeram um comportamento para-suicidário ou tentativa de suicídio podem reduzir as taxas de suicídio. 

Ainda, segundo a OMS, assistimos a uma generalizada falta de conhecimento do suicídio como um problema prioritário e ainda como tabu o que tem dificultado uma discussão aberta sobre este tema.

Assim, este projeto visa contribuir para a prevenção do suicídio através de três áreas: prevenção de comportamentos suicidários em jovens estudantes (com duas ramificações: no ensino básico e secundário e outro foco no ensino superior); prevenção de comportamentos suicidários em adultos e famílias; apoio ao estudo e investigação na prevenção de comportamentos suicidários através da validação de instrumentos de medida adequados.


Tópico(s) prioritário(s) UICISA: E:

Violência na sociedade e intituições
Educação para a saúde e literacia



TRANSIÇÕES DE SAÚDE: AJUSTAMENTO E RESPOSTAS EMOCIONAIS
     

As transições de saúde ocorridas ao longo da vida de uma pessoa implicam complexos processos de ajustamento e resultam em alterações na capacidade de autocuidado, seja por aumento da mestria seja por diminuição de competência na sua realização. Segundo Goddman, et al (2006) e Chick e Meleis (1986), existem duas propriedades universais de transições: (1) processos que ocorrem no tempo; (2) natureza da mudança que ocorre nas transições (mudança de identidade, papéis, relacionamentos, competências, pressupostos, padrões de comportamento). Estas mudanças exigem a definição do ‘Eu’ mediante a nova conjuntura.

Durante o processo transicional as pessoas experimentam diversas emoções, desde a alegria por um objetivo alcançado ou o alívio por uma expectativa negativa que não se concretiza, até àquelas que decorrem de uma avaliação mais pessimista da situação como a ansiedade, a revolta ou a desesperança. Estas emoções são influenciadas pela perceção que a pessoa tem da situação e da sua capacidade para lhe fazer face e, por sua vez, influenciam não só a sua competência avaliativa como o próprio curso da doença e recuperação.

Aprender os factores que influenciam ou inibem as transições é essencial na sua compreensão. Neste cenário encontram-se os significados atribuídos aos acontecimentos que fomentam a transição, as expectativas sobre o evento, o nível de conhecimento e de competências acerca do processo transicional, a envolvente, sobretudo em relação aos recursos comunitários disponíveis (redes de apoio e de informação), o bem-estar físico e emocional e o apoio das redes sociais (amigos, pessoas significativas) e familiares (Meleis, et al, 2000; Schumacher e Meleis, 1994).

Este é um projeto que se insere no âmbito da enfermagem de saúde mental de ligação.

 

 



  Rede de Estudos Associados:
QUALIDADE DE VIDA, NECESSIDADES E PROMOÇÃO DA AUTONOMIA DE PESSOAS EM PROCESSOS DE TRANSIÇÃO DE SAÚDE
     

  Rede de Estudos Associados:
TRANSIÇÃO PARA A PARENTALIDADE: RESPOSTAS NO PROCESSO DE AJUSTAMENTO
     

O projeto estruturante denominado de transição para a parentalidade: respostas no processo de ajustamento, engloba um conjunto de estudos de natureza qualitativa e quantitativa, no contexto dos ajustamentos fisiológicos e psicossociais desde o período pré-natal ao pós-natal relacionados com a transição e exercício para a parentalidade e grã-parentalidade. Envolve temáticas como: ligação materno-fetal e paterno-fetal; vinculação pós-natal;  expectativas/necessidades no pré-natal das grávidas/casais grávidos face à transição para a parentalidade; competências parentais no cuidar do recém-nascido; ajustamento ao papel materno e paterno no período pós-natal; qualidade de vida materna e paterna nos períodos pré e pós-natal; preocupações maternas e paternas no exercício da parentalidade e grã-parentalidade.

Objetivos Gerais

Estudar o processo de transição para a parentalidade e respostas do ajustamento materno e paterno no período pré-natal e pós-natal.

Estudar o processo de transição para a grã-parentalidade na figura de avô e na figura de avó no período pré-natal e pós-natal.

 

Main Objectives

To study the transition to parenthood and responses of maternal and paternal adjustment in prenatal and postnatal.

To study the process of transition to grandparenthood and its exercise related to the grandfather figure and grandmother figure in prenatal and postnatal.

 

Relevance and impact of the project

O presente projecto visa, por um lado, dar um contributo em resposta a uma das orientações estratégicas e intervenções necessárias, propostas no Plano Nacional de Saúde  desde 2012/2016 ao atual Plano com revisão e extensão a 2020, em que se preconiza um aumento da cobertura no período do puerpério, com o desenvolvimento de estudos parcelares que justifiquem a importância da efectiva: qualidade dos cuidados prestados, estabelecendo uma relação terapêutica cada vez mais forte; avaliação dos potenciais efeitos das altas hospitalares e do processo de ajustamento ao novo papel de pais; avaliação do despiste de complicações complementares; identificação das necessidades e das medidas que contribuam para a  satisfação das mães e dos pais, em tempo real. Por outro lado, pretende-se desenvolver estudos no âmbito da transição e exercício da grã-parentalidade no sentido de promover o reforço das relações intergeracionais ao nível do agregado familiar no contexto do período pré-natal e pós-natal.

This project aims , on the one hand , to make a contribution in response to the strategic guidelines and necessary interventions proposed in the National Health Plan 2012/2016 to the actual revisid and extended Plan to 2020, in which it calls for an increase in coverage in the postpartum period , with the development of partial studies to justify the importance of effective : quality of care , establishing a therapeutic relationship increasingly strong ; assessment of the potential effects of hospital discharges and the adjustment process to the new role of parents; screening assessment of additional complications; identification of needs and measures to contribute to satisfaction of the mothers and fathers in real time . On the other hand, it aims to develop studies in the transition and exercise of grand parenting to promote the strengthening of intergenerational relationships at the household level in the context of prenatal and postnatal.

 



CUIDADOS À FAMÍLIA AO LONGO DO CICLO VITAL
     

Para um maior e melhor desenvolvimento da prática clínica centrada na família, urge a actualização e ampliação do conhecimento científico na área, no sentido de dar resposta às emergentes transformações politicas, sociais e culturais que podem conduzir a novos tipos de família.



CUIDADOS À PESSOA COM FERIDA E VIABILIDADE TECIDULAR
     

Projecto que tem como finalidade produzir e divulgar conhecimento na área do tratamento à pessoa com ferida e da viabilidade tecidular em contexto escolar, hospitalar e ambulatório.

 

Tópico(s) prioritário(s) UICISA: E:

Cuidados à pessoa com ferida



A pessoa em situação crítica
     

Projecto que pretende desenvolver investigação centrada na pessoa a vivenciar processos de doença crítica, nas intervenções dirigidas à pessoa em situação crítica, os processos de saúde/doença crítica nos ambientes de cuidados e os processos relacionais entre os alvos de cuidados (doente e família) e os enfermeiros.


Tópico(s) prioritário(s) UICISA: E:

Gestão da dor
Inovação em tecnologia dos cuidados de enfermagem
Metodologias de cuidados de enfermagem diferenciados (complexos)



  Rede de Estudos Associados:
Concluído A PESSOA EM FIM DE VIDA
     

Projecto com foco nos cuidados à pessoa em contexto de fim de vida que pretende integrar vários estudos de investigação no âmbito dos cuidados a doentes com doença avançada progressiva e famílias, quer eles ocorram a nível institucional quer a nível domiciliário.



A pessoa em situação crónica
     

A prevalência das doenças crónicas tem vindo a aumentar a um ritmo alarmante, tanto a nível nacional como mundial, apresentando um enorme impacto social e no sistema de saúde. Embora a doença crónica possa ocorrer em qualquer idade, o aumento da esperança média de vida contribui para o aumento da incidência e prevalência de doenças crónicas e incapacitantes com complicações. De acordo com o Plano Nacional de Saúde 2012-20161, as Doenças Crónicas incapacitantes abrangem cerca de 40 a 45% do total das doenças sinalizadas no nosso país, com tendência para um crescimento exponencial. Os portugueses são das populações mais envelhecidas na Europa e vivem em média 20 anos com doença crónica.
Considera-se doença crónica uma patologia de curso prolongado, com evolução gradual dos sintomas e potencialmente incapacitante, que afeta de forma prolongada múltiplas dimensões da pessoa. As limitações nas possibilidades de tratamento, a aceitação e adaptação do doente da sua condição clínica devem ser consideradas no contexto da vida familiar, escolar e/ou laboral. Embora cada doença seja única e tenha um impacto diferente em cada pessoa, há um núcleo comum de problemas e complicações associados que implicam a necessidade de adaptação a diversos níveis (físico, mental, social, psicológico, emocional e espiritual).
O Programa de Prevenção e Gestão da Doença Crónica (DR, 2016)2 e promoção da saúde através de uma nova ambição para a Saúde Pública, salienta o desafio que estas doenças representam nos sistemas de saúde, nomeadamente porque (I) estão associados ao envelhecimento das populações e às múltiplas circunstâncias desse envelhecimento; (II) requerem uma adequada integração de ações preventivas e de continuidade de cuidados; (III) a obtenção de bons resultados na prevenção e gestão das doenças crónicas implica um elevado nível de literacia em saúde; (IV) os resultados dependem de sistemas de informação centrados no cidadão, no seu percurso de vida, nos processos de cuidados de saúde que experimenta e na capacidade que cada um tem de realizar o seu potencial de bem -estar.

 



DIAGNÓSTICOS E INTERVENÇÕES NA CRIANÇA E ADOLESCENTE
     

Estudos de natureza qualitativa e quantitativa, mas com preferência para estudos randomizados e controlados.

População:

Crianças e jovens até aos 18 anos.

Profissionais de saúde que cuidam de crianças e jovens.

Pais e/ou cuidadores principais de crianças e adolescentes.



  Rede de Estudos Associados:
PROMOÇÃO DA MOBILIDADE NA PREVENÇÃO DE DECLÍNIO FUNCIONAL E DESCONDICIONAMENTO DE IDOSOS E ADULTOS DEPENDENTES EM FASE AGUDA DE INTERNAMENTO HOSPITALAR
     

Bem-estar, Ansiedade e Stress: da compreensão das suas manifestações ao estudo das estratégias de intervenção terapêutica
     

A Saúde Mental é definida pela OMS (2001, p.4) como o “estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade onde se insere”. Este conceito abrange: o bem-estar subjetivo, a perceção eficaz da pessoa, a autonomia, a competência, a dependência intergeracional e a autorrealização do potencial intelectual e emocional da pessoa.
É o traço humano mais específico da saúde e contribui significativamente para a saúde e bem-estar. A Saúde Mental é uma parte essencial da saúde geral da pessoa pelo que não pode haver saúde sem uma boa Saúde Mental (Gomes, 2008). Assim, “a saúde mental é tão importante como a saúde física para o bem-estar dos indivíduos, das sociedades e dos países” (OMS, 2001, p.4).
De acordo com o Relatório sobre a saúde no mundo 2001: Saúde mental: nova concepção, nova esperança, cerca 450 milhões de pessoas sofrem de perturbações mentais e do comportamento, destas apenas uma pequena minoria tem acesso ao tratamento considerando-se por isso um problema urgente de Saúde Pública (OMS, 2001).

Os dados epidemiológicos relativos à carga global e incapacidade originada nas doenças mostram que:
- A nível mundial, mais de 12% da carga resultante de doenças em geral deve-se às perturbações psiquiátricas (24% na Europa).
- Das 10 principais causas de incapacidade, 5 são perturbações psiquiátricas.
- Em todo o mundo, as perturbações mentais são responsáveis por uma média de 31% dos anos vividos com incapacidade (cerca de 40% na Europa).
- As perturbações depressivas são a 3ª causa de carga global de doença (1ª nos países desenvolvidos), prevendo-se que passem a 1ª causa a nível mundial em 2030 (agravamento suicídio e comportamentos autolesivos) (OMS, 2001; CNRSSM, 2007; DGS, 2008; DGS, 2012).
Em Portugal, os resultados do Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental realizado em 2013, evidenciam uma prevalência de vida das perturbações psiquiátricas (exceto perturbações esquizofrénicas e delirantes) de 42,7%, sendo 25,8% de perturbações de ansiedade, 19,3% de perturbações depressivas, 10% a perturbações de ansiedade e 10% a perturbações do abuso e dependência do álcool (DGS, 2014). Também relativamente aos anos vividos com incapacidade as perturbações de ansiedade e as perturbações depressivas surgem nos lugares cimeiros (DGS, 2014).
Os resultados apresentados tornam evidente não só a necessidade cada vez mais premente da intervenção atempada e adequada na pessoa com doença mental, mas também uma intervenção tendo em vista promoção da saúde mental e a prevenção da doença mental.
Paralelamente, na última década alguns estudos experimentais e quasi-experimentais, desenvolvidos em diferentes países (EUA, Suécia, Inglaterra, Áustria, Israel, India) têm mostrado o interesse e a eficácia da utilização de algumas intervenções de abordagem cognitivo-comportamental (relaxamento muscular progressivo, mindfulness) e do biofeedback, na redução da ansiedade e stress em diferentes amostras: clinicas e não clinicas, em diferentes faixas etárias (crianças, jovens, adultos) (Gruzelier, 2009; Elkins, Fisher & Johnson, 2010; Rodrigues & Pereira, 2010; Bath, 2010; Jordanova & Gucev, 2010; Bradley, 2010; Éismont Lutsyuk, & Pavlenko, 2011; Henriques et al., 2011; Lavarov, Liberman & Oded, 2012; Almeida, 2012; Sancho et al., 2012).
Importa contudo salientar, que em Portugal são raros os estudos e a literatura científica sobre a utilização de relaxamento muscular progressivo, biofeedback, mindfulness enquanto instrumentos terapêuticos para diminuição da ansiedade e stress.



    Promoção do bem-estar sócio emocional do indivíduo e grupos ao longo da vida
         

    Porque os aspetos emocionais constituem uma condição básica e necessária ao desenvolvimento harmonioso do indivíduo, considera-se útil aprender a valorizar as emoções no desenvolvimento da capacidade de adaptação do indivíduo em diferentes situações de vida e a descobrir programas de intervenção promotores de bem-estar sócio emocional no sentido de promover atitudes individual e de grupo pró-ativas e a saúde mental dos indivíduos.

    A perspetiva de construção de condições facilitadoras do bem-estar sócio emocional ou bem-estar psicológico (Siqueira & Padovam, 2008), em contexto comunitário, traduz uma dimensão positiva da saúde mental – o cerne da psicologia positiva, que desde a década de 90, conta com um boom da investigação sobre a felicidade, otimismo, emoções positivas e os traços de personalidade mais saudáveis (Galinha e Ribeiro, 2005) e que corresponde a um modelo que busca excelência pessoal, um conceito que inclui dimensões como: autonomia, propósito de vida, domínio do ambiente, crescimento pessoal, autoaceitação e relações positivas com os outros (Ryff, 1989, 1995).

    Atendendo que as diretivas internacionais e nacionais (Rede Europeia para a Promoção da Saúde Mental - EU, 2006 -; OMS, 2009; DGS, 2012, 2014) determinam como prioridades a redução do impacto das perturbações mentais e contribuição para a promoção da saúde mental das populações.  

    Considerando a necessidade de conhecer a efetividade de programas de intervenção na promoção da saúde mental e do bem-estar sócio emocional dos indivíduos ao longo da vida (por exemplo: grupos de crianças, de adolescentes, adultos empregados e desempregados e idosos não institucionalizados e institucionalizados) e de promover os contributos específicos do Enfermeiro Especialista de Saúde Mental em Cuidados de Saúde Primários na promoção da saúde mental da população, propomos a realização do presente projeto estruturante de longa duração com os seguintes objetivos gerais:

    1- Identificar e analisar a eficiência de programas de intervenção não farmacológicos, especificamente baseados em música, em Intervenções Assistidas por Animais, em exercícios do riso e técnicas de relaxamento terapêutico, na promoção da saúde mental, especificamente do bem-estar sócio emocional dos indivíduos ao longo da vida.

    2- Avaliar a eficácia de programas de intervenção não farmacológicos, especificamente baseados em música, em Intervenções Assistidas por Animais, em exercícios do riso e técnicas de relaxamento terapêutico, integrados na prática de enfermagem de saúde mental comunitária, na promoção da saúde mental, especificamente do bem-estar sócio emocional dos indivíduos ao longo da vida.

    3- Realizar e divulgar propostas de programas de estimulação sócio emocional positiva dirigidos a diferentes grupos de indivíduos ao longo da vida, no âmbito da intervenção Enfermagem de Saúde Mental em Cuidados de Saúde Primários.


    Tópico(s) prioritário(s) UICISA: E:

    Promoção da saúde mental



    Violência em Psiquiatria: da compreensão à promoção da segurança dos protagonistas envolvidos
         

    Em psiquiatria a violência é revestida de particular importância por se observar em algumas pessoas que apresentam diversos quadros psicopatológicos (Azevedo et al.,1980). Alguns estudos sugerem uma associação discreta entre doença psiquiátrica e risco de violência (Arboleda-Flórez, 2000, Ballone e Ortolani, 2002). O risco de desenvolvimento de comportamentos de violência depende de vários fatores: natureza e gravidade da doença, influência de co morbilidade com o consumo de álcool e outras substâncias, existência de antecedentes de violência e ainda, a eficácia do tratamento e a capacidade de lidar com a violência (Bullard,2001). Os sintomas psicóticos, especificamente alucinações, quando associadas com alienação do pensamento e delírio persecutório, aumentam o risco de violência (Bullard,2001; Sadock e Sadock, 2007).

    O controlo da pessoa que se apresenta agudamente afetada, especificamente durante a crise psiquiátrica, envolve dificuldades particulares para profissionais, especificamente de saúde mental, dado o aumento do risco de comportamento agressivo. Em contexto psiquiátrico, quando a pessoa apresenta risco de desenvolver comportamentos agressivos, é necessário desenvolver medidas terapêuticas no sentido de os prevenir e de garantir o ambiente seguro e terapêutico (Cowman & Bowers 2009).

    Diferentes medidas têm sido utilizadas no controlo de crises psiquiátricas que envolvem comportamentos agressivos, especificamente: medidas de restrição física, isolamento e psicofármacos. Porém, sabe-se que a eficácia das mesmas resulta da sua adequação e esta, por sua vez, dependerá necessariamente da avaliação de alguns indicadores clínicos, nomeadamente, avaliação precoce dos sinais de alerta de agressão (Fluttert et al., 2010). Sobre as medidas de restrição física, Muralidharan e Fenton (2012) sugerem estudos que proporcionar ajudar a explicar melhor os seus efeitos.



    A pessoa em situaçâo perioperatoria
         

    O enfermeiro perioperatorio é o profissional capaz de identificar as necessidades físicas, psíquicas, sociais e espirituais do cliente/família, para elaborar e por em prática um plano individualizado de cuidados, a fim de restabelecer ou conservar a saúde e o bem-estar do indivíduo antes, durante e após a cirurgia (AORN, 2018)

    A prática de cuidados de enfermagem inclui também o contexto de bloco operatório que assenta num modelo concetual de enfermagem perioperatória e envolve um conjunto de ações de enfermagem no âmbito da circulação, anestesia, instrumentação, cuidados anestésicos e pós anestésicos com o objetivo de avaliar as reais necessidades da pessoa cuidada, promover intervenções de enfermagem e a avaliar os resultados destas. Apresenta-se como local de alto risco na transmissão de agentes patogénicos devido aos possíveis e múltiplos contactos entre doentes, membros da equipa perioperatória, superfícies ambientais, equipamentos e material cirúrgico. A higiene ambiental, a higiene e antissepsia das mãos, a antissepsia da pele do doente, a técnica assética cirúrgica e o vestuário cirúrgico, são aspetos fulcrais na prevenção e disseminação de microrganismos potencialmente patogénicos responsáveis pelas múltiplas infeções associadas aos cuidados de saúde (AORN, 2018)

    O bloco operatório é considerado um dos ambientes de trabalho mais complexos da prestação de cuidados e a garantia da segurança neste ambiente é responsabilidade do enfermeiro.

    A Cultura de Segurança, deve ser uma constante no contexto da enfermagem perioperatoria e consiste no produto de valores individuais e de grupo, atitudes, perceções, competências e normas comportamentais que traduzem o modo como é exercida uma atividade (Madeira, 2012; Fragata, 2012).

    O Plano Nacional para a segurança dos doentes, tem como um dos objetivos estratégicos aumentar a segurança cirúrgica, sendo uma das metas até ao final de 2020 a aplicação em 95% das cirurgias a lista de verificação de segurança cirurgica, reduzir a taxa de não conformidade da sua utilização e reduzir anualmente em 1% a  taxa de incidentes cirúrgicos (DGS, 2015).Os doentes cirúrgicos estão especialmente vulneráveis, não só pela sua situação clínica e pela experiência a que vão ser sujeitos, mas, também, por ficarem na total dependência, em quem têm que confiar para cuidarem da sua pessoa e do seu corpo e, como estão sedados ou anestesiados, ficam mais suscetíveis e vulneráveis à ocorrência a qualquer tipo de risco ou acidente.

    A este propósito, a Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses (AESOP), a European Operating Room Nurses Association, a Association of periOperative Registered Nurses(AORN) e a Operating Room Nurses Association of Canada, defendem que as pessoas submetidas a procedimentos cirúrgicos e/ou anestésicos têm o direito de ser cuidadas por profissionais devidamente qualificados, num ambiente perioperatório seguro, constituindo a segurança do doente e a prevenção da ocorrência de erros, elementos chave no desempenho da Enfermagem perioperatoria. Assim, torna-se fundamental investir na adoção de medidas que promovam a segurança do doente e promovam a melhoria da qualidade de cuidados prestados.

    A segurança do doente cirúrgico é também influenciada pela comunicação, pelo que é imperativo o desenvolvimento de práticas na transferência de informação, que garantam a segurança do doente. Segundo a AORN (2018), a transferência de informação e continuidade dos cuidados ao doente cirúrgico depende de uma comunicação eficaz entre os elementos da equipa multidisciplinar.

    De igual importância encontra-se a segurança da equipa profissional, e neste caso, a equipa perioperatória que presta cuidados cirúrgicos, em ambiente muito específico e que está constantemente em contato com riscos biológicos, químicos, físicos e mecânicos, os quais devem ser reconhecidos por toda a equipa e deverão ser implementadas práticas preventivas para minimização dos incidentes e erros

    O bloco operatório é uma unidade de prestação de cuidados de saúde onde, pela especificidade contextual e da natureza dos cuidados aí desenvolvidos, se concentram riscos de variada ordem, tornando a manutenção e segurança do ambiente cirúrgico em funções centrais desenvolvidas pelos enfermeiros em contexto perioperatório.



    O Cuidado Centrado na Pessoa: dos modelos conceituais à implementação
         

    Relevance for the current health priorities framework


    Many societal changes have led to a shift in several health-related domains. Two of them are specially striking and
    burdening for healthcare systems, in particular those commonly described as biomedical-oriented. Greater
    incidence of chronic illness or long-term care processes with intermittent care interventions for acute incidents,
    and more engaged and active healthcare consumers are two central modifications that challenge current
    healthcare systems in terms of accessibility, integration and cost-effectiveness. These challenges demand care
    responses that contemplates multiple care environments simultaneously and meet the unique elements of the
    person being cared for. Such responses are therefore designated as ‘complex interventions’, i.e. a set of activities
    targeting several components that have the potential to interact between them and when doing so might generate
    a variable range of person-relevant outcomes and experiences.
    Attempting to tackle such challenges, person-centred care has gone beyond a trend in care delivery to assume
    great importance at the policy makers level during the last decade in the modern western world. Within Europe,
    specific directives have been developed along with policy changes forcing the work towards the implementation of
    person-centred care in daily healthcare practice. Scandinavian countries and Great Britain have been developing
    pioneer foundational research leading to sustainable frameworks for a systematic and thoughtfully development,
    implementation and evaluation of person-centred practices.



    Gestão da doença e dos regimes terapêuticos
         

    A capacitação e o empoderamento da pessoa para a autogestão da doença e do regime terapêutico assume particular relevo na sociedade atual, visando a melhoria contínua e a criação de valor em saúde.

    O aumento progressivo das doenças crónicas e da multicomorbilidade condicionam novas necessidades em saúde, que se assumem como um desafio para as políticas de saúde e sociais, a nível global (Grady & Gough, 2014).
    O Plano Nacional de Saúde português (revisão e extensão a 2020) identifica a importância da promoção da literacia em saúde e da capacitação das pessoas para assumirem um papel ativo e responsável na defesa da sua saúde, com vista à promoção de comportamento saudáveis e à gestão da doença, propondo o desenvolvimento de programas de educação para a saúde e de autogestão da doença. A prevenção e controlo da doença assumem-se como o primeiro princípio orientador para a sua implementação, contribuindo para mitigar a carga de doença, a morbilidade e a incapacidade, promover o envelhecimento ativo e saudável, melhorar a qualidade de vida e o bem-estar, bem como promover a coesão social e a produtividade (DGS, 2015).



    Assunção de papel e capacitação do prestador de cuidados
         

    Nas últimas décadas, tem-se verificado uma transformação ao nível de diversos determinantes da saúde e na organização da sociedade, nomeadamente o envelhecimento demográfico, a diminuição da taxa de fecundidade, novas formas de união, alterações na organização dos sistemas de saúde, etc., que têm impacto nas necessidades em saúde na sociedade moderna e demandam novas respostas (Fernandes, 2015; INE,2017) em saúde e em enfermagem.

    Meleis (2010) refere que é objetivo da enfermagem facilitar os processos de transição da pessoa com o propósito de melhorar o seu bem-estar. Neste âmbito, não são só alvo da enfermagem transições que decorrem de processos de saúde doença associada ao diagnóstico, tratamento, reabilitação e recuperação, mas também, transições que conduzem à incorporação de novos papéis decorrentes da necessidade de tomar conta ou prestar cuidados, associado às ações necessárias para “…providenciar cuidados, apoiando todas as idades e tipos de necessidades básicas, frequentemente associado a criação, estimulação e sustento (CIPE BETA 2, pg 64).

    Orem (2001) também situa como área de interesse para os enfermeiros a assunção de novos papéis dado que identifica que as pessoas desenvolvem um conjunto de ações por forma a regular o seu funcionamento e desenvolvimento, segundo os seus interesses, estado de saúde e bem-estar e que o alvo das suas ações tanto pode ser o próprio, como as pessoas que de si são dependentes como tais como as crianças ou familiares incapazes de se cuidar.

    Ao longo de todo o ciclo vital, a experiência de hospitalização pode constituir um evento crítico, com vivências associadas a processos de transição, quer sejam decorrentes do desenvolvimento, quer de saúde/doença (Meleis, 2010).

    Ou seja, a transição para a parentalidade é caracterizada pela sua complexidade, desencadeada por mudanças de rotinas, abandono do trabalho e/ de atividades sociais e de lazer, redistribuição de papéis no meio familiar, com impacto económico, social e emocional. A compreensão desse processo advoga a necessidade de implementar intervenções de enfermagem efetivas ao nível da capacitação/empowerment parental, adequadas ao contexto, informadas pela melhor evidência e significativas para a pessoa que assume o papel parental.

    Por outro lado, a pirâmide populacional portuguesa evidencia um envelhecimento da população, com 20% de idosos que, em 2080, será de 40%, isto num momento em que Portugal foi classificado pela OMS como estando no bottom-down na Europa no que toca ao tratamento aos seus idosos (INE,2017).

    Concomitantemente, o aumento progressivo das doenças crónicas e das multicomorbilidades condicionam novas necessidades em saúde, que se assumem como um desafio para as políticas de saúde e sociais, a nível global (Grady & Gough, 2014).

    Das 2314 famílias clássicas que fizeram parte de um estudo em enfermagem no concelho do Porto, 10,4% integravam uma pessoa dependente no autocuidado (55% com mais de 80 anos). Sendo que 6,4% tinham, pelo menos, um parente próximo dependente no autocuidado institucionalizado. Se dispusessem das condições necessárias, 32,4% integrariam estes parentes no seio da família (Gonçalves, 2013). Também o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (2015) analisou a prevalência da dependência no autocuidado em contexto domiciliário e estimou uma prevalência de 2,9% de famílias integram pelo menos uma pessoa dependente.

    Desta forma, conforme Meleis (2010) a transição situacional decorrente da assunção do papel de cuidador informal é de particular relevância para a enfermagem, papel que é habitualmente assumido por um familiar cuidador, isto é, uma pessoa “… responsável pela prevenção e tratamento da doença ou incapacidade de um membro da família” (Browser CIPE)

    A Transição para o papel de cuidador é complexa pois acarreta para a pessoa mudanças nos seus processos de vida com alterações ao nível familiar, laboral, económico, de lazer, na sua condição de saúde, emocional e aumento da sua sobrecarga (imaginário, 2004; Lage, 20059.  

    Desta forma, a implementação de terapêuticas de enfermagem que visem a capacitação e o empoderamento da pessoa e/ou do seu cuidador informal para a autogestão da doença e do regime terapêutico assume assim particular relevo na sociedade atual, visando a obtenção de resultados, a melhoria contínua e a criação de valor em saúde.

    O Plano Nacional de Saúde português tem amplo enquadramento para este eixo e para a visão que lhe associamos, desde a problemática do cuidador informal aos sistemas de informação que a têm de suportar cada vez melhor. Assim, na sua orientação para a implementação n.º 16 prevê-se “apoiar iniciativas da sociedade civil no âmbito do voluntariado em saúde, em particular no domínio da formação de cuidadores informais de suporte ao doente acamado”. No que concerne aos sistemas de informação, a orientação 9 preconiza “Melhorar sistematicamente a qualidade da informação, através da arquitetura dos sistemas e da formação dos profissionais, tendo em conta os determinantes sociais da saúde” (DGS, 2015).



    Promoção da atividade física da pessoa ao longo do ciclo de vida em diferentes contextos e condições de saúde
         

    Os riscos da inatividade para a saúde dos cidadãos não é um fenómeno novo e, a adoção e manutenção de estilos de vida saudáveis, onde se inclui a prática regular de atividade física (AF), reveste-se da maior importância para uma intervenção efetiva no controlo das doenças crónicas não transmissíveis (DCNT) e na melhoria da qualidade de vida da população, em todas as fases do ciclo de vida (Direção-Geral da Saúde [DGS], 2016).

    As estimativas globais recentes mostram que um em cada quatro (27,5%) adultos e mais de três quartos (81%) dos adolescentes não cumprem as recomendações para exercícios aeróbicos, conforme descrito nas recomendações internacionais sobre AF para a Saúde. Contrariamente ao esperado, não se verificam melhorias nos níveis globais de participação nas últimas duas décadas e diferenças substanciais por idade, género, deficiência, gravidez, status socioeconómico e geografia, ampliando a necessidade de intensificar o investimento em AF (WHO, 2020).

    A inatividade física é reconhecida como um dos principais fatores de risco para excesso de peso, obesidade, e outras DCNT. Foi identificado como o quarto principal fator de risco para mortalidade global (6% das mortes) e é estimado como sendo a principal causa de aproximadamente 21% -25% de cancro de mama e cólon, e aproximadamente 27% de diabetes e 30% da doença cardíaca isquémica. O aumento da prevalência de doenças crónicas, está diretamente relacionado com o aumento dos gastos com saúde, problemas de produtividade, e sucesso académico (Anderson & Durstine, 2019; WHO, 2018).

    Se esta situação é preocupante no espaço da União Europeia (EU), as conclusões do Eurobarómetro (EU, 2018), estudo realizado com 28031 pessoas em todos os países da europa (1089 pessoas em Portugal), sobre as práticas de desporto e exercício físico (EF), apontam para uma situação ainda mais grave a nível nacional.

    Neste contexto, a prática de AF tem vindo a ser incentivada por vários organismos internacionais e nacionais. De fato, a OMS editou recentemente o Plano de Ação Global na AF 2018-2030 (WHO, 2018) e as Recomendações sobre AF e hábitos sedentários, e a UE promoveu e realizou diversos estudos (EU, 2014, 2018), que têm sido articulados com os programas prioritários de saúde nacionais da DGS (2016), nomeadamente a Estratégia Nacional para a Promoção da Atividade Física, da Saúde e do Bem-Estar 2016-2025 (DGS, 2016), a partir do qual se tem desenvolvido o Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física 2016-2020 (DGS, 2017), com diversas metas, objetivos e indicadores.

    Os conceitos dos diversos componentes da AF estão bem definidos e são globalmente consensuais (ACSM, 2018). Os seus métodos de avaliação são de grande diversidade e permitem determinar o gasto energético, tipo, padrões humanos de movimentos e as respostas fisiológicas do movimento humano. Podem-se classificar em métodos diretos (ex: sensores de movimento, monitorização da frequência cardíaca, observação direta) ou indiretos (autorrelatos, questionários), todos com vantagens e limitações na sua aplicação prática, dependendo do tipo de atividade e do grupo que se deseja investigar (Marques e André, 2014; Dowd et al., 2018; ACSM, 2018).

    As evidências para apoiar a relação inversa entre AF regular e/ou exercício e a mortalidade prematura e diversas condições de saúde, continuam a aumentar (ACSM, 2018; WHO, 2020), assim como o seu impacto positivo em diversas doenças (Pederson & Saltin, 2015), nomeadamente nos processos de prevenção, gestão e reabilitação de doenças neurológicas (parkinson, esclerose múltipla, alzheimer, tetra e paraplegias), respiratórias (DPOC, asma, fibrose quistica) cardiovasculares (AVC, evento agudo cardíaco, insuficiência cardíaca, hipertensão), músculo-esqueléticas (osteoartrose, osteoartrites, raquialgias), metabólica (obesidade, osteoporose, hiperlipidémia, diabetes tipo 1 e 2), saúde mental/psiquiátrica (depressão, ansiedade, stress, esquizofrenia), alguns cancros e outras situações crónicas. As populações com necessidades especiais também podem beneficiar da prática de AF, nomeadamente crianças/adolescentes, mulher grávida, pessoas idosas, pessoas com incapacidade ou deficiência funcional, e mesmo trabalhadores em diversos contextos laborais e pessoas em confinamento social (WHO, 2020).

    Existem diversos determinantes a considerar, que podem funcionar como barreiras e facilitadores de prática da AF, e contribuir para as mudanças comportamentais necessárias neste processo: caraterísticas pessoais (idade, género, antropométricos, hábitos, motivação, personalidade, literacia de saúde); caraterísticas do ambiente envolvente de suporte de familiar/amigos e capacidade económica; caraterísticas da AF (OMS, 2020), que confirmam a necessidade de estratégias de comunicação mais eficazes para esclarecer e disseminar as orientações relacionadas com a AF (Piercy et al., 2020; Carvalho, Santos e Pereira, 2020).

    O exercício profissional dos enfermeiros sustentado no Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros (REPE), o Código Deontológico do Enfermeiro, o Regulamento das Competências Comuns do Enfermeiros Especialista (Reg. n.º 140/2019), e os Regulamento das Competências Específicas do Enfermeiro Especialista nas diversas áreas clínicas em Enfermagem, os Padrões de Qualidade dos Cuidados Especializados em Enfermagem, e a  CIPE - versão 2015 (focos, diagnósticos/resultados, intervenções e recursos) confere-lhes a legalidade e competências em diversos patamares de intervenção na área da AF e EF,  de pessoas durante o ciclo de vida e nos processos de doença.

    Esta condição enquadra-se nos objetivos do ENPAF 2016-2025 (DGS, 2016). De fato, o objetivo 2, sustentado na proximidade e o conhecimento que o profissional de saúde detém do utente, nas suas diversas caraterísticas e problemas de saúde, é lhe reconhecido competências para, em partilha com uma equipa multidisciplinar, desenvolver e aplicar recomendações direcionadas e o acompanhamento diferenciado necessário para a promoção da AF e EF dos nossos cidadãos. Como reforço, o objetivo 4 da mesma estratégia nacional, perspetiva a promoção de investigação capaz de fornecer um conjunto de dados significativos, que permitam o desenho das intervenções e a sua monitorização, promovendo as adaptações necessárias ao longo da implementação do projeto. Também será crucial analisar as intervenções, de modo a destacar as boas práticas e a evidência que as sustenta.

    Assim, apesar das diferentes dimensões e variáveis envolvidas na AF e EF, este projeto pretende desenvolver estudos de diversas caraterísticas, em parceria com diversas entidades e instituições, que contribuam a vários níveis na promoção da AF e prevenção do sedentarismo da população em geral, de pessoas em risco ou com dependência e incapacidade no autocuidado e funcionalidade, e de grupos vulneráveis ao longo do ciclo de vida.



    IINNCare – Innovative Interventions in Neonatal Nursing Care
         

    O exercício da enfermagem neonatal requer a construção individual e coletiva de conhecimento especializado e a contínua atualização desse conhecimento a partir de novas evidências produzidas. Os enfermeiros especialistas dispõem hoje de competências que lhes permitem liderar, nos seus contextos de trabalho e com o apoio das suas chefias, a implementação de práticas de enfermagem inovadoras. Contudo, os contextos organizacionais e as relações interprofissionais nem sempre são facilitadores desse ímpeto inovador.

    Partindo de uma visão de cuidados neonatais promotores do desenvolvimento e centrados nos recém-nascidos e suas famílias (Altimier & Phillips, 2016), bem como na busca da melhoria contínua da qualidade dos cuidados, a finalidade deste projeto em rede transnacional é contribuir para o conhecimento no domínio da enfermagem neonatal, em particular sobre determinantes e estratégias de implementação de práticas de enfermagem neonatal inovadoras, informadas por evidências.

     

    Palavras-chave:
    Enfermagem; Cuidados Intensivos Neonatais; Cuidados centrados na família; Desenvolvimento; Implementação; Inovação

    Áreas prioritárias de investigação da UICISA: E

    Transições de saúde e autocuidado

     

    Grupo de investigação:

    Bem-Estar, Saúde e Doença



    Cuidados de saúde informados pela evidência para a transformação dos contextos de prestação de cuidados de saúde
         

    Os Cuidados de Saúde Informados pela Evidência (CSIE) são uma abordagem de resolução de problemas para a tomada de decisão clínica que incorpora não apenas a utilização da melhor evidência, mas também a experiência do profissional de saúde, e as preferências e valores dos utentes, tendo sempre em consideração o contexto de prestação de cuidados (International Council of Nurses, 2012; Pearson, Jordan, & Munn, 2012).

    A necessidade de incorporação desta abordagem pelos profissionais de saúde nos contextos de prestação de cuidados ganhou especial relevo nas últimas décadas por se reconhecer que a utilização dos CSIE promovem cuidados de saúde de elevado valor, melhoram a experiência do utente e os resultados em saúde e reduzem os custos dos cuidados de saúde (Melnyk, Gallagher-Ford, Long, & Fineout-Overholt, 2014). Com base neste pressuposto, muitas organizações nacionais e internacionais têm apoiado o valor dos CSIE e, portanto, têm recomendado a sua implementação nos contextos da prática clínica (Institute of Medicine, 2009; International Council of Nurses, 2012; Ordem dos Enfermeiros, 2006; World Health Organization, 2004, 2015).

    Para promover a integração dos CSIE nos contextos de prestação de cuidados de saúde, vários modelos conceituais têm vindo a ser desenvolvidos. Apesar da diversidade de modelos existentes, todos sugerem que a ciência da translação consiste em várias etapas, iniciando com a identificação do problema clínico e culminado com a implementação de uma mudança na prática e avaliação do seu impacto (Apóstolo, 2017; Melnyk, 2017). Pela análise dos modelos, poderíamos pensar que este processo linear sendo simples, não teria falhas no seu desenvolvimento. Contudo, sabemos que existem algumas lacunas no processo de translação da ciência, a saber: (1) lacuna entre as "necessidades de conhecimento" identificadas pelos utentes, comunidades, profissionais de saúde, governos e organizações, e a descoberta desse novo conhecimento; (2) lacuna entre “investigação de descoberta” (investigação do tipo teórica, epidemiológica ou de “bancada”) e investigação clínica (ensaios experimentais); e (3) lacuna entre a investigação clínica e a inclusão do conhecimento na prática clínica e nas políticas em saúde (Pearson, Jordan, & Munn, 2012).

    Adicionalmente, a literatura descreve várias barreiras e facilitadores da implementação dos CSIE ao nível não só do contexto clínico, mas também do contexto educacional para profissionais de saúde. As barreiras descritas mais comuns são: falta de tempo; falta de apoio por parte das lideranças; cultura organizacional e filosofia de "é assim que sempre fizemos aqui"; falta de conhecimento na área dos CSIE (por exemplo, falta de habilidades de pesquisa, dificuldades em interpretar estatísticas); falta de confiança; falta de recursos; resistência dos gestores/líderes e de colegas de trabalho relativamente à mudança de práticas; e carga de trabalho. Os facilitadores mais frequentemente referenciados são: educação (por exemplo, formação em métodos de investigação e CSIE); apoio/consciencialização organizacional; disponibilidade de mentores em CSIE; disponibilidade de tempo; e disponibilidade de recursos (Fiset, Graham, & Davies, 2017; Gifford et al., 2018; Malik, McKenna, & Griffiths, 2016; Pereira, Cardoso, & Martins 2012; Solomons & Spross, 2011).

    Apesar de todo o desenvolvimento e investigação já realizados na área dos CSIE em todo o mundo, continuamos a não integrar sistematicamente a melhor evidência científica na prestação de cuidados de saúde. Braithwaite, Glasziou, e Westbrook (2020) apresentaram este problema dos sistemas de saúde atuais como o desafio 60-30-10. Fazendo um levantamento de estudos existentes, Braithwaite e colegas (2020) concluíram que 60% dos cuidados de saúde são prestados de acordo com a melhor evidência disponível, 30% dos cuidados de saúde prestados são de alguma forma um desperdício ou são cuidados de baixo valor, e 10% dos cuidados de saúde prestados são prejudiciais.

    Neste sentido, é necessário continuar a investir em investigação na área dos CSIE, nomeadamente ao nível do estudo dos processos de Síntese, Transferência e Implementação de evidência. Este investimento permitirá dar contributos para a transformação dos contextos de prestação de cuidados de saúde de forma a promover a incorporação da melhor evidência disponível de efetividade, viabilidade (adequabilidade), adequação, e significado nos cuidados e políticas de saúde. Portanto, propomos este projeto estruturante que permitirá aprofundar a referida área através da realização de diferentes projetos de estudos associados que incluirão não somente investigação primária, mas também investigação secundária e projetos de implementação da melhor evidência disponível. Algumas das áreas a desenvolver através de projetos de estudos associados a este projeto estruturante são: estudo das experiências dos líderes formais de enfermagem para a promoção dos CSIE; estudos para avaliar efeitos a longo prazo de intervenções educacionais sobre CSIE para estudantes, professores e profissionais de saúde a trabalhar na prática clínica; estudos sobre estratégias para melhorar os níveis de implementação dos CSIE no ensino e na clínica; estudos sobre intervenções para promover a utilização da melhor evidência nos contextos de prestação de cuidados de saúde.

    Este projeto será promovido por uma equipa de investigadores reconhecidos em Portugal pelo trabalho que têm vindo a desenvolver neste âmbito. Todos os membros da equipa são Core Staff do Portugal Centre for Evidence Based Practice: a JBI Centre of Excellence, são formadores acreditados do JBI para ministrar cursos nas áreas da Síntese e/ou implementação da ciência e têm já diversos trabalhos publicados ou a aguardar publicação nesta área. Podemos destacar, uma agregação com a lição “Síntese da evidência no contexto da translação da ciência” (Apóstolo, 2017), uma tese de doutoramento que integrou a publicação de 6 artigos e 1 texto completo em evento na área da formação de enfermeiros para os CSIE em Portugal (exemplos: Cardoso et al., 2020; Cardoso, Couto et al., 2021; Cardoso, Rodrigues et al., 2021), diversas publicações na área da síntese, revisões de métodos mistos, revisões rápidas, entre outras (exemplos: Pearson et al., 2015; Stern et al., 2020; Tricco et al., 2021).


    Áreas prioritárias de investigação da UICISA: E

    Formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde
    Segurança do doente e efetividade dos cuidados





    Cuidados paliativos
         

    As sociedades ocidentais registaram desde a revolução industrial mudanças profundas no panorama das doenças e das condições de vida das populações, assistindo-se ao aumento das doenças crónico-degenerativas e ao envelhecimento da população. No entanto, muitas doenças continuam sem ter cura sendo geradoras de situações de dependência e sofrimento o que tem concorrido para o aumento das necessidades de cuidados destas populações.

    Para dar resposta a estas necessidades surgiram os cuidados paliativos que se centram na avaliação e gestão especializada da dor e outros sintomas, avaliação e apoio às necessidades dos prestadores de cuidados, e coordenação dos cuidados. São aplicáveis em qualquer idade e em qualquer fase da doença podendo ser prestados em conjunto com o tratamento curativo (National Coalition for Hospice and Palliative Care [NCHPC], 2018). Sendo reconhecidos como um direito humano e uma obrigação legal pelas associações internacionais (Associação Europeia de Cuidados Paliativos [EAPC], s.d.).

    Os cuidados paliativos visam responder às necessidades físicas, funcionais, psicológicas, práticas e espirituais e facilitam a autonomia da pessoa, o acesso à informação e a escolha de uma pessoa com doença grave, são cuidados holísticos ativos centrados na pessoa e família (NCHPC, 2018).

    Para a OMS, estes cuidados “são tanto mais eficazes quanto mais precocemente integrados no curso das doenças, não só melhorando a qualidade de vida da pessoa como da sua família, reduzindo hospitalizações desnecessárias e a (sobre) utilização de serviços de saúde” (Comissão Nacional de Cuidados Paliativos [CNPC], 2021:4).

    Neste sentido, os cuidados paliativos consubstanciam-se em quatro pilares fundamentais de intervenção: controlo sintomático; comunicação adequada; apoio à família, enquanto prestadora e recetora de cuidados; e trabalho em equipa. (Bernardo et al.,2016; Gómez-Batiste & Connor, 2017).

    Pese embora a evolução dos Cuidados Paliativos em Portugal, muitos portugueses ainda não tem as suas necessidades paliativas cobertas pelas dificuldades de acesso a estes cuidados.  As causas precipitadoras desta  situação são múltiplas e complexas, sendo esta lacuna ainda mais significativa em situações de cuidados paliativos pediátricos, que em Portugal ainda se encontram num estadio  inicial, onde os serviços correntemente disponíveis para as crianças e suas famílias se encontram fragmentados e são inconsistentes e existe escassez de profissionais de saúde qualificados e onde, em comparação com os doentes adultos, o numero de crianças que beneficiam de cuidados paliativos são muito inferiores (EAPC, 2009).

    Em 2019 a comissão nacional de cuidados paliativos, no plano estratégico para o desenvolvimento dos cuidados paliativos definiu a formação e investigação como um eixo prioritário da qualidade dos cuidados reconhecendo no plano de 2021-2022 a necessidade de continuar a promover a investigação sobretudo nas áreas da validação de escalas, indicadores de qualidade, avaliação de custo-benefício bem como, em outras áreas temáticas (CNCP, 2021).

     

    Áreas prioritárias de investigação da UICISA: E

    Educação para a Saúde e Literacia

    Gestão da dor

    Inovação em Tecnologia dos cuidados de enfermagem

    Formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde

    Metodologias de cuidados de enfermagem diferenciados (complexos)

    Transições de saúde e autocuidado

     



    Saúde e Bem-estar nas políticas locais (in}formadas pela evidência - Health4Lpolicies
         

    Pensar a saúde, exige uma abordagem a partir de uma perspetiva abrangente, considerada como um bem pessoal e individual que influencia a qualidade de vida da pessoa. De facto, a saúde é imprescindível para a realização de projetos de vida e, por isso, deve ser considerada como o resultado de uma variabilidade de condições e de estilos de vida, sendo influenciada por múltiplos determinantes de saúde.

    As respostas aos problemas de saúde necessitam de planeamento e intervenções criativos e inovadoras, tendo em consideração as realidades locais, a multidimensionalidade e a interação dos problemas de saúde e dos seus determinantes.

    Para a WHO (2021) os determinantes de saúde referem-se ao conjunto de fatores pessoais, sociais, económicos e ambientais, que determinam a expectativa de vida das pessoas e populações. Alguns dos determinantes não são modificáveis, no entanto, um conjunto muito mais vasto é suscetível de ser modificado, nomeadamente, os determinantes sociais, ambientais ou as políticas de saúde.

    Lalonde (1981) apresenta um modelo de determinantes, que os agrupa em quatro dimensões: biológicos, meio ambiente, estilos de vida e sistemas de saúde, estando a mortalidade mais relacionada com estilos de vida, que com os restantes determinantes.

     Dahlgren e Whitehead (2006) desenvolveram um modelo concêntrico sustentado numa perspetiva sistémica, em que o nível mais externo é relativo aos macro determinantes e o mais interno é relativo a determinantes pessoais. As intervenções são mais abrangentes se forem direcionadas para os macro determinantes e, mais eficazes, quanto direcionadas, de forma articulada, para diferentes níveis.

    (Santana, 2014), com base no modelo de Barton e Grant, desenvolve um modelo de determinantes de saúde e bem-estar, que se articula com o modelo de Dahlgren e Whitehead, mais abrangente, que inclui, por exemplo, o ecossistema global, as mudanças climáticas, os habitats, o ambiente construído ou a biodiversidade.

    Estes modelos articulam-se ainda com a Agenda 2030 - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - que se estrutura em três dimensões: ambiental, social e de saúde, e económica.

    Também a visão do Consenso de Copenhaga (World Health Organization: Regional office for Europe, 2018), está alinhada com a Agenda 2030 e visa orientar o trabalho das Cidades Saudáveis da Organização Mundial da Saúde. A ênfase é nas pessoas, na participação, no partenariado, com vista ao desenvolvimento da saúde e do bem-estar.

    Também o Plano Nacional de Saúde 2020-2030 identifica necessidades de saúde de forma articulada com determinantes, realçando os determinantes biológicos, comportamentais, ambientais, mas também o sistema de saúde e de prestação de cuidados e, os demográfico-sociais e económicos (Portugal. Direção Geral da Saúde, 2022).

    A complexidade dos problemas de saúde e dos seus determinantes, exigem estratégias de intervenção cada vez mais complexas, sistémicas e com diversidade de atores, tendo em consideração as realidades sociopolíticas locais, o perfil demográfico das populações, o território, as condições de vida e de trabalho. Torna-se premente informação atualizada que dê suporte às decisões políticas.

    Os municípios, através da lei 50/2018 de 16 de agosto, veem consignada a transferência de competências na área da saúde, regulamentadas pelo decreto-lei 23/2019 de 30 de janeiro.

    Criam-se os Conselhos Municipais de Saúde, que têm, entre outras competências, o contribuir para a definição das políticas de saúde das autarquias, emitir pareceres sobre a estratégia de saúde ou propor o desenvolvimento de programas de Promoção da Saúde.

    Os decisores políticos necessitam de múltiplos dados e indicadores acerca do estado de saúde das populações, dos determinantes, do acesso e utilização dos serviços de saúde e da perceção de bem-estar, que permitam construir planos de intervenção, mas também a monitorização dos resultados.

    A produção de indicadores de saúde torna-se uma ferramenta fundamental em todo este processo.

    A União Europeia identifica um conjunto de 88 indicadores básicos de saúde relacionados com a situação demográfica e económica, os estados de saúde, determinantes de saúde, intervenções dos serviços de saúde e intervenções de promoção da saúde (Comissão Europeia, 2017)

    Com os indicadores de saúde pretende-se aumentar a transferibilidade de informação e de dados de saúde que permitam, por exemplo, melhorar a sua utilidade na formulação de políticas, na vigilância de saúde e nos cuidados de saúde.  

    Ainda que existam, cada vez mais dados sobre a saúde das populações, nem sempre a informação é relativa a áreas geográficas restritas, se encontra organizada em forma de indicadores e nem sempre é atual. Também os indicadores mais disponíveis e atuais são os de mortalidade, sendo os menos frequentes os indicadores relativos a comportamentos de saúde ou perceção de bem-estar. Cumulativamente a produção de indicadores não se deve constituir como um fim, mas como um meio para o planeamento e monitorização em saúde.

    Se para a construção de alguns indicadores podemos recorrer à informação disponível, para outros são necessários estudos primários. Em Portugal, os indicadores de saúde baseados em inquéritos à população são obtidos através dos Inquéritos Nacionais de Saúde, sendo o mais recente o de 2014, que incidiu sobre o estado de saúde, os cuidados de saúde e os determinantes de saúde relacionados com estilos de vida (Instituto Nacional de Estatística , 2016), e o anterior é de 2005. Em todos estes inquéritos a informação é global, não sendo desagregada por área geográfica ao nível dos concelhos.

    A proposta deste projeto estruturante procura colmatar esta lacuna e surge na sequência de estudos desenvolvidos na região, nomeadamente com municípios que integram a rede portuguesa dos municípios saudáveis.  Pretende-se com o projeto e o conjunto de estudos associados, criar condições para a construção de um observatório local de saúde.

     

    Áreas prioritárias de investigaçã

    Educação para a Saúde e Literacia

    Observatório de Saúde